Céticos Ex Testemunhas de Jeová
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Trechos da Vikuah de Nahmanides

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Mensagem por Thanos Despertado Ter Out 18, 2011 12:25 pm

Bem, já que está todo mundo resgatando suas melhores postagens do outro fórum, resolvi fazer o mesmo com a Vikuah de Nahmanides que mostra um resumo de como os judeus encaram Jesus e a alegação de que ele é O Messias. Vale a pena ler de novo, boa leitura a todos.
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Mensagem por Thanos Despertado Ter Out 18, 2011 12:28 pm

Quem acompanhou o estudo do livro O Maior Homem Que Já Viveu ou mesmo dirigiu estudos no livro Poderá Viver Para Sempre sabe que as Testemunhas de Jeová, mesmo sendo acusadas por outras denominações cristãs de não crerem em Jesus, enfatizam o “fato” de que a Bíblia incontestavelmente define Jesus como sendo o prometido Messias tão divulgado nas paginas do Antigo Testamento; e que os judeus na realidade eram cegos, mesquinhos, impenitentes, “geração iníqua e deturpada” que arrogantemente rejeitou Jesus como o verdadeiro Cristo. Essa não é uma opinião exclusiva das TJ´s mas de todas as denominações que professam o cristianismo; tendo em vista que mesmo hoje em dia os judeus rejeitam Jesus como sendo o messias, com o tempo surgiu a indagação de como os judeus poderiam rejeitar tamanha “verdade que salta os olhos”.

Pois na Sentinela de 15 de abril de 1997, saiu um artigo que me chamou atenção; tratava-se do tema “Nachmanides, Refutou Ele o Cristianismo?”, onde dava uma síntese da vida de Nachmanides e como ele se saiu de forma magistral no debate realizado em Barcelona durante o século XIV. O artigo fazia menção a obra Judaísmo em Julgamento de Hyam Maccob, mas suas colocações são claramente tendenciosas como eu pude perceber cinco anos mais tarde ao adquirir a obra em português. Agora, logo abaixo, apresento ao fórum alguns trechos da Vikuah de Nahmanides; e quem foi ou é Testemunha de Jeová achará no mínimo curioso qual é a explicação dos judeus para profecias que aparentemente se referiam a Jesus. E poderá também concluir, como é fácil manipular uma profecia para que se tenha um “cumprimento” conforme desejado.


Pablo Cristiani começou: “As escrituras dizem (Gênesis 49,10): O cetro não se afastará de Judá(...) até que venha Silo. Silo é o Messias, e o profeta diz que Judá sempre terá poder até a vinda do Messias que provem dele. E se assim é, quando não tendes um só cetro, nem um só soberano, o Messias que é da semente de Judá e tem o direito da realeza já deve ter vindo.”

Eu respondi: “O profeta não quer dizer que o reino de Judá continuaria sem nenhuma interrupção, mas que nunca se afastaria dele e nunca acabaria para sempre. E ele quer dizer que, quando Israel tiver um dirigente de casa real, este terá que ser da tribo de Judá. A prova de minhas palavras é que , muitos anos antes de Jesus, o poder régio deixou Israel, mas não Judá, e por muitos anos antes, o poder régio deixou a ambos, Judá e Israel. Pois durante os setenta anos do exílio na Babilônia, não houve nenhum reino quer para Judá quer para Israel, e nos dias do Segundo Templo, apenas Zorobabel e seus filhos reinaram por um tempo limitado e depois passaram-se 380 anos até a destruição sob o reinado de sacerdotes asmoneus e seus servos. E nem é preciso dizer que quando o povo saiu para o exílio, não havia reinado, pois se não há povo, não há rei.”

Frei Paulo respondeu: “Em todos aqueles tempos, mesmo que não tenham sido reis, tiveram governantes. Pois assim explica o Talmude [b San 5ª]: “´O cetro não se afastará de Judá” – estes são os exilarcas da Babilônia, que governam o povo com um cetro; “...nem o bastão de chefe entre os seus pés “ – estes são os descendentes de Hilel, que ensinam a Tora em publico.` E hoje não tendes a Ordenação [semihá], que era conhecida no Talmude, e aquela forma de governo, e aquela forma de governo também cessou e hoje não há ninguém dentre vós que possa, por direito, ser chamado de ´rabi`...

Eu retruquei...Voltei então ao assunto e lhe disse: Gostaria de informar-vos que nossos mestres (que a paz esteja com eles) não tinham em mente explicar o versículo como referindo-se a qualquer coisa que não fosse a verdadeira realeza. O problema é que vos não entendeis de questões halaicas [legais]; conheceis apenas um pouco de questões agádicas, das quais vos ocupastes. O tópico levantado pelos Sábios é este: de acordo com a letra estrita da lei, uma pessoa que age como um simples juiz não está livre de pagar as responsabilidades pelos danos (se ele adotar uma decisão legal incorreta) a não ser que tenha recebido uma licença do príncipe ou do rei. E os Sábios decidiram que no tempo do exílio, como existiam pessoas de ascendência real a quem os reis gentios haviam concedido uma pequena autoridade, como exilarcas na Babilônia e os nassi em Israel, a eles deveria ser permitido o exercício deste direito de outorgarem licença e ordenação. Este costumo vigorou entre os Sábios do Talmude por mais de 400 anos após os dias de Jesus. Mas não era opinião dos Sábios do Talmude que o versículo queria dizer que sempre existiria algum tipo de ´cetro` ligado a semente de Judá o trono de Israel – uma promessa de verdadeira realeza. No entanto como já mencionei, isto poderia ser interrompido por um longo período, pois no tempo do exílio da Babilônia, eles não tinham nenhum ´cetro` ou `bastão`. E nos dias do Segundo Templo, quando o poder real era exercido por sacerdotes e seus servos, a tribo de Judá não possuía qualquer poder, nem mesmo o de um exilarca ou nassi, pois todo o poder estava em maos dos reis-sacerdotes e seus juízes e funcionários, e de qualquer um a quem eles decidissem outorga-lo.”

Então falou frei Peire de Gênova: Isto é verdade, pois as Escrituras apenas dizem que o ´cetro` não acabará totalmente, mas deixa em aberto a possibilidade de um interregno [vagare, na linguagem comum].”

Eu me dirigi ao rei: “Vede, frei Peire deu sua opinião de acordo com suas palavras.”

Disse frei Peire: “Eu não dei tal opinião; pois os setenta anos de exílio na Babilônia é um tempo curto, e havia muitos que ainda lembravam os dias do Primeiro Templo, como esta escrito no livro de Esdras. Isto pode ser chamado de interrupção, ou vagare. Mas agora que permaneceis neste estado de ausência de poder durante mais de mil anos, trata-se de uma total extinção` do cetro.”

E eu disse: “Agora estais desdizendo vossas palavras, pois que não pode haver ´extinção`de algo que retorna e as palavras do profeta não fazem distinção entre um tempo longo e um tempo curto. Além disso, os períodos que eu citei foram longos. E mais ainda, nosso pai Jacó, que a paz esteja com ele, não prometeu o ´cetro` e o ´bastão` a Judá somente para sua própria tribo, mas lhe concedeu o poder régio sobre todo o Israel, como está escrito: ´Judá, teus irmãos te louvarão [Gênesis 49,8] e ´Judá suplantou seus irmãos e obteve que um príncipe nascesse dele`[ 1 Crônicas 5,2]. Agora Judá perdeu o reino de todo Israel com a morte de Salomão, como está escrito: ´Ninguém seguiu a casa de Davi se não somente a tribo de Judá`[1 Reis 12,20]. Portanto, é obvio que o profeta quis dizer apenas que o ´cetro`não se extinguiria para sempre. E a verdade é que no tempo do exílio os termos ´extinção` e ´suspensão` são totalmente inadequados, pois não é o reino de Judá que se extinguiu, mas o próprio povo que cessou de existir como povo, pois o profeta não prometeu a Judá que Israel nunca iria para o exílio, de forma que ele pudesse reinar sobre eles sem interrupção.”

(...)

E perguntei ainda: “concordais com minha firmação de que o pecado de Adão será anulado no tempo do Messias?

Nosso senhor o rei e também frei Paulo responderam: “Sim, mas não da forma como imaginais. O fato é que toda a humanidade foi para a Geena em virtude do castigo de Adão, mas nos dias do Messias Jesus, o castigo foi anulado e ele os guiou para fora de lá.”

Eu repliquei: “Em nossa terra dizem ´Aquele que deseja contar mentiras deve citar provas que estejam longe demais para serem averiguadas.`As Escrituras mencionam muitos castigos com relação a Adão e Eva: ´Maldito é o solo por causa de ti`... ele produzirá para ti espinhos e cardos... com suor do teu rosto comerás teu pão... pois tu és pó e ao pó retornarás`; e quanto à mulher, ´na dor darás luz a filhos`[Gênesis 3]. E isto ainda continua valido até nossos dias; de forma que na era de vosso Messias, nada do que possa ser realmente observado e sentido recebeu reparação. Mas a Geena, que não é mencionada no Gênesis, pelo que afirmais, recebeu reparação, pois este é uma assunto em que ninguém pode refutar-vos. Enviai um de vós a Geena e deixai que ele volte para nos contar o que se passa por lá! Ademais, que Deus nos livre que tal doutrina seja verdadeira! Pois não há castigo da Geena para os justos, proveniente do seu pai Adão. Pois minha alma não está mais perto da alma de Adão do que da alma do faraó, e ela não irá para a Geena por causa do pecado do faraó. A verdade é que os castigos pelo pecado de Adão foram físicos, porque meu corpo descende de Adão e Eva e, quando foi decretado que eles deveriam ser mortais por natureza, para sempre.”

(...)

Vós, senhor nosso rei, sois cristão e filho de cristão, e por toda vida ouviste os padres que atulharam vosso cérebro e a medula de vossos ossos com esta doutrina, e ela se instalou em vós, devido aquele hábito estranhado. Mas a doutrina da qual acreditais e que é o fundamento de vossa fé não pode ser aceita pela razão, não encontra base na natureza e tampouco os profetas jamais a expressaram. E nem mesmo o miraculoso pode ir tão longe, como explicarei com provas cabais no devido tempo e lugar, a ponto de o Criador do céu e da terra ter recorrido ao ventre de uma certa judia, lá se desenvolveu durante nove meses e nascendo como criança; e depois ele cresceu e foi entregue a seus inimigos, que o sentenciaram a morte e o executaram e, depois, como dizeis, voltou a vida e retornou a seu lugar de origem. A mente de um judeu, ou qualquer outra pessoa, não consegue aceitar isto; e vossa palavras são pronunciadas totalmente em vão, pois esta é a raiz de nossa controvérsia...”

Disse Frei Paulo: “Acreditais [que o Messias] já veio?”

E eu disse: “Não. Pelo contrário, acredito e sei que ele não veio; e até agora não houve nenhum outro homem (deixando Jesus de lado) que afirmou ser o Messias (ou com relação a quem isso tenha sido afirmado), no qual seja possível acreditar como tal. Pois o profeta diz sobre o Messias: ´Que ele domine de mar a mar, desde o rio até os confins da terra`[Salmo 72,8]. Jesus, porém, nunca teve nenhum poder, e durante sua vida teve de fugir e se esconder de seus inimigos e no fim caiu em suas mãos e não conseguiu se salvar, portanto como poderia ele salvar todo Israel? E mesmo após sua morte, ele não conseguiu domínio, pois o poder de Roma não se deve a ele. Mesmo antes de vir a acreditar em Jesus, a cidade de Roma dominava a maior parte do mundo e depois que foi adotada a fé em Jesus, ocorreu a perda de muitas províncias; e agora os devotos de Maomé tem mais poder do que Roma. Diz o profeta que o tempo do Messias ´não terão de instruir seu próximo, ou seu irmão dizendo: Conhecei o Senhor. Porque todos conhecerão` [Jeremias 31,34]; e também: ´Porque a terra ficará cheia do conhecimento do Senhor, como as águas enchem o mar`[Isaías 11,9]; e ainda: ´Eles quebrarão suas espadas, transformando-as em relhas... uma nação não levantará a espada contra outra, e nem aprenderá mais a fazer a guerra` [Isaías 2,4]. Contudo, desde o dia de Jesus até agora, o mundo inteiro tem estado cheio de violência e saques, e os cristãos vem derramando mais sangue do que o resto dos povos, alem de serem também praticantes de adultério e incesto. E como seria penoso para vós, senhor meu rei, e para vossos cavaleiros, se não pudésseis mais aprender a fazer guerra! (...) E eu ainda vos trarei muitas outras provas segundo as palavras dos profetas.”

Disse-me então o rei: “Silencio, pois ele é o questionador.” Assim fiquei em silêncio.

(...)

Frei Paulo disse: “Ora, o sofrimento que o Messias assumiu foi a execução de Jesus, que ele aceitou por sua própria vontade.”

E eu disse: “Ai daquele que não tem pejo! Pois Jesus não fez nada disso. Ele não trouxe de volta a vida os que haviam morrido desde Adão e não fez nada daquilo. Ademais, essa oração mostra que ele é um homem não Deus, e que o poder de fazer os mortos reviverem não está em suas mãos. Quanto aos sofrimentos, não são nada mais do que a dor que ele sente porque a sua vinda se faz tão demorada e ele vê seu povo no exílio, mas ´tua mão nada poderá fazer` [Deuteronômio 28,32], e vê que os povos que servem ´aqueles que não são Deus`[2 Crônicas 13,9] negam sua condição de Messias e propõem um outro, são mais honrados do que seu próprio povo.”

E ele continuou: “Daniel disse: ´Setenta semanas foram fixadas para o teu povo e a tua cidade santa, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para instaurar uma justiça eterna para selar a visão e a profecia, e para ungir o santo dos santos` [Daniel 9,24]. As setenta semanas são semanas de anos, significando os 420 anos de existência do Segundo Templo, mais os 70 anos do exílio na Babilônia; e o ´santo dos santos` é Jesus.”

Eu respondi: “Mas Jesus não viveu mais de trinta semanas antes desse tempo, por nossos cálculos, que representam a verdade, conforme testemunho de seus contemporâneos que o conheceram e tiveram contato pessoal com ele? E mesmo segundo as vossas contas, ele viveu mais de dez semanas antes da Destruição.”

Disse ele: “Assim é, mas no versículo seguinte, que diz, ´Fica sabendo, pois, e compreende isto: desde a promulgação do decreto sobre o retorno e a reconstrução de Jerusalém até um Príncipe Ungido`, o ´Príncipe` e o ´Ungido` são Jesus.”

Eu disse: “Também isto é obviamente um erro. Pois as Escrituras dividem as setenta semanas mencionadas, contando sete semanas [v.25] até o ´príncipe ungido] e em seguida setenta e duas semanas para a construção da grande praça e muralha e mais uma semana quando ´ele confirmará uma aliança com muitos`[v.27]; e assim se completa o numero de setenta semanas. Mas Jesus, que dizeis ser o príncipe ungido, não chegou ao final de sete semanas, segundo vossas contas. Explicai-me, porém, toda essa passagem das Escrituras, de acordo com vossa teoria , e eu vos darei uma resposta; pois não podeis explica-las de nenhuma forma. No entanto, não tendes pejo para falar sobre algo de que não conheceis nada. Mas permiti-me informar-vos que o ´príncipe ungido`era Zorobabel, pois ele veio no tempo das sete semanas, como se pode ver claramente nas Escrituras.”

Ele perguntou: “Mas como poderia ele ser chamado de Messias?”

E respondi: “Até Ciro foi chamado de ´Messias`[Isaías 45,1], e de Abraão, Isaac e Jacó diz-se: ´Não toqueis nos meus ungidos` [Salmo 105,15; 1 Crônicas 16,22]. E é por isso que ele é chamado de ´príncipe` (e não rei), pois o reinado de Zorobabel não seria exaltado, embora ele mesmo viesse a ser honrado e exaltado entre seu próprio povo; da mesma forma, termos ´Os príncipes dos povos se aliam com o povo do Deus de Abraão [Salmo 47,10]. E agora vos explicarei toda a passagem de Daniel, em interpretação clara, se vós e vossos companheiros aqui presentes quiserdes aprender e tiverdes o coração aberto. Eu digo perante o senhor nosso rei e todos os povos que o tempo da vinda do Messias não está determinado nesta passagem, nem em quaisquer das palavras de Daniel, a não ser o final do livro. Pois está claro nas Escrituras que, apesar de tudo o que é dito naquela passagem e em outras, ele continuou a procurar pelo conhecimento do tempo do Fim no versículo que diz: ´A contar do momento em que tiver sido abolido o sacrifício perpetuo e for instalada a abominação da desolação, haverá mil duzentos e noventa dias` [Daniel 12,11]. E agora explicarei diante dos olhos dos povos, o significado deste versículo, mesmo que possa ser difícil de suportar para os judeus que aqui se encontram. O versículo diz que desde o tempo em que o sacrifício diário foi abolido até Deus tornar desolada a abominação que aboliu – ou seja, o povo de Roma que destruiu o Templo – se passarão 1290 anos, pois os dias aqui mencionados são anos, como em seu direito de resgate durará uma ano [Levítico 25,29], ou de um ano em ano [Êxodo 13,10], ou um ano ou dez meses [Gênesis 24,55]. E em seguida Daniel diz: ‘Bem-aventurado aquele que perseverar, chegando a 1335 dias’[v. 12], acrescentando assim quarenta e cinco anos. E o significado é que na primeira data virá o Messias, e fará com que a abominação, que adora o que não é Deus, seja desolada e exterminada do mundo; e em seguida ele reunirá os dispersos de Israel no ‘deserto dos povos’[Ezequiel 20,35], como dizem as escrituras, ‘e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração’[Oséias 2,14], e ele trará Israel para a sua terra, como fez Moisés nosso mestre, que a paz esteja com ele, que foi o primeiro llll; e isto levará 45 anos. E depois, então, Israel ficará em paz em sua terra e se rejubilará no Senhor seu Deus em Davi seu rei [ Oséias 3,5], e bem-aventurado é aquele que esperar e alcançar aqueles dias felizes. A data presente está em 1195 anos da destruição, portanto faltam 95 anos para o número indicado por Daniel. Dessa forma, podemos esperar que o llll, pois esta interpretação é firme, adequada e fácil de se acreditar.”

(...)

Disse frei Paulo: “Não existe no mundo um judeu que não concorde que ‘dia’ em hebraico yom, significa literalmente ‘dia’. Mas ele altera os sentidos das palavras ao seu prazer.”

Então o rei ordenou, e trouxeram o primeiro judeu que encontraram e então perguntaram: “Qual é o significado da palavra yom?” E ele respondeu: “dia”.

Eu no entanto disse: “Senhor meu rei, este judeu com certeza é melhor juiz do que frei Paulo sobre este assunto, mas não é melhor do que eu. A palavra yom nas Escrituras por vezes significa ‘tempo’, por exemplo, ‘no dia [no tempo] em que feri de morte todos os primogênitos’ [Números 3,13]. E no plural yamin pode ser usada para significar ‘anos’. E foi necessário [usar uma expressão incomum para ‘anos’] porque as Escrituras procuravam disfarçar o assunto, pois o anjo disse várias vezes a Daniel: ‘Guarda em segredo estas palavras e mantém lacrado o livro até o tempo do fim: muitos andarão errantes e o conhecimento aumentará’ [Daniel 12,4]. Mas eu falo de assuntos de sapiência com alguém que não sabe e que não compreende, e é bem apropriado que todos venham a julgar por ele!”

Frei Arnol de Segura se pronunciou: “Mas Jerônimo interpretou ‘dias’ nesta passagem com o significado de ‘dias do povo.’”

Exultei com suas palavras e disse: “Podeis ver, pelas palavras de Jerônimo, que não se deve entender ‘dias’ aqui em sentido literal, como em outras passagens, e é por esse motivo que ele sentiu a necessidade de dar uma interpretação. E eu considero que sua expressão ‘dias do povo’significa ‘anos’ e vem da expressão popular ‘já faz muitos dias que isso aconteceu’, querendo dizer muitos anos.”

(...)

...é o objetivo do Messias reunir os ‘banidos de Israel e os dispersos de Judá’[Isaias 11,12], isto é, as doze tribos. Mas vosso Messias, Jesus, não reuniu nem um só deles e nem ao menos viveu no tempo do exílio. Também é incumbência do Messias construir o Templo em Jerusalém, mas Jesus não realizou nada com relação ao Templo, nem construiu e nem destruiu. Ademais, o Messias governará sobre os povos e Jesus não governou nem sobre si mesmo.” Então li para todos ouvirem a passagem das escrituras que começa com “Quando se cumprirem em ti todas essas palavras, a bênção e a maldição que eu te propus” até concluir com “e o Senhor teu Deus fará cair todas essas imprecações sobre teus inimigos, sobre os que te odiaram e perseguiram” [Deuteronômio 30, 1-7]. E lhes expliquei que a expressão “teus inimigos” representa os cristãos e “os que te odiaram”, os ismaelitas [mulçumanos], os dois povos que nos perseguiram. E frei Paulo não pronunciou uma palavra.
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Mensagem por erreve Ter Out 18, 2011 8:33 pm

Não pude ler todo o texto, ainda, mas achei muito interessante o que li.

Houve uma época em que eu achava que conhecia muito a respeito da Bíblia e que as explanações das Testemunhas eram imbatíveis. Acreditava nisso porque era isso que a ACTJ nos ensinava. Com o tempo, depois que deixei de ser TJ, é que fui forçado a reconhecer que as explicações dadas por outras religiões para provar suas crenças, também faziam sentido. A Bíblia, então, podia ser lida e interpretada de maneiras bem diversas, algumas, até contraditórias.

Dizer que tais interpretações são apenas aspectos diferentes da mesma verdade é apenas um jogo de palavras.

Não é possível compatibilizar a noção de Deus com as contradições que as interpretações do texto bíblico sustentam.
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Mensagem por Regis Medina Qua Out 19, 2011 10:40 am

Para quem gosta de pesquisar essa leitura é deliciosa. O cristianismo emplacou sua visão a força, mas sinceramente não tem condição de na discussão defender sua interpretação diante de um erudito judeu. Envolve muito mais conhecimento da história e literatura judaica do que um cristão comum pode sonhar.
Cada resposta é um tapa.
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Mensagem por Thanos Despertado Qua Out 19, 2011 12:53 pm

Houve uma época em que eu achava que conhecia muito a respeito da Bíblia e que as explanações das Testemunhas eram imbatíveis. Acreditava nisso porque era isso que a ACTJ nos ensinava.

Realmente erreve, na verdade todos nós tínhamos essa “firme convicção” que era martelada constante e exaustivamente. Éramos empanturrados de todas as formas a não ter tempo sequer de pesquisar coisas fora da organização. Nossa informação era relegada apenas as publicações da Torre e como elas eram inchadas de textos bíblicos e confiávamos cegamente em sua inspiração, chegávamos ao cumulo de achar que só as publicações bastavam para sermos bem informados. No meu caso, mesmo que a principio eu tenha ignorado e posteriormente combatido, com o lançamento do livro O Maior Homem, passei a ter uma visão crítica com relação a figura de Jesus. Passei a encarar Jesus como um personagem fraco, comparado a Moisés, Josué e os demais juízes, Davi, Salomão, Jeú, Joabe, Daniel e outros.
E após ler O Judaismo em Julgamento, resolvi pesquisar na própria Bíblia a procedência contextual das profecias citadas nos evangelhos. E qual não foi a minha surpresa perceber que a maioria absoluta das citações eram deliberadamente retiradas de seu contexto sendo que cerca de 80% das citações não tem absolutamente nenhuma relação com o Messias. Tudo foi manipulado pelos escritores evangelistas, e tudo indica que posteriormente pelos cristãos que chegaram ao poder.

Não é possível compatibilizar a noção de Deus com as contradições que as interpretações do texto bíblico sustentam.

Bingo. Vale analisar que se levarmos em conta que a maioria das denominações cristãs encaram Jesus como Deus, daí já dá pra perceber que a figura de Deus no Antigo Testamento é irreconciliável com a figura de Deus do Novo Testamento.
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