As Crônicas de Gelo e Fogo ("A Song of Ice and Fire")

Começou a ser publicado aqui no Brasil, em fins de 2010, a saga que dá título a este tópico.

Há muito escuto falar desta série de fantasia, nos moldes de O Senhor dos Anéis, só que muito mais crua (mais política e violenta) e mais sensual. Passa-se em Westeros, um continente de um planeta em que as estações podem durar vários anos. O ambiente se assemelha ao da Idade Média europeia (daí o paralelo com o Senhor dos Anéis). O autor, George R. R. Martin, tem uma tradição de roteirista de Hollywood, tendo participado, entre outros, da série Além da Imaginação (The Twlight Zone). Ler os livros é como ver um filme, só que muito melhor.

Todos os livros publicados possuem de 600 a 800 páginas (diz-se que o 5º livro terá 1000 páginas), portanto não são livros pequenos, mas sua leitura é fascinante.

O enredo é complexo. Possui dezenas (senão centenas) de personagens principais que vão surgindo, se mesclando à trama, crescendo em importância e desaparecendo ao longo da história.

Começa no campo puramente humano e a magia, sempre presente em Tolkien, só começa a ter importância a partir do Volume 2 (também publicado há cerca de um mês, aqui no Brasil)

Quando o primeiro livro foi publicado aqui (a série já existe desde 1991, tem os 4 , dos 7 volumes previstos, publicados há muitos anos em Portugal), eu comprei por mera curiosidade já que os livros foram sempre cercados de muitos elogios e eu gosto de ler um pouco de ficção, romance policial e fantasia, entre um e outro livro mais sério.

Bem, em menos de duas semanas já havia lido todo o primeiro livro (são quase 600 páginas em letra miúda) e fiquei angustiado para ler os demais e saber onde aquela confusão toda ia dar (ainda não sei, mas isso não importa). Comprei os quatro já publicados em inglês, mas não satisfeito, mandei vir de Portugal os que me faltavam (6 volumes, já que os portugueses, não sei porque cargas d'água, dividem em dois volumes, os livros).

Agora está para ser lançado (12 de julho) o quinto volume.

Além disso, a HBO estreou nos EUA em 15/4/11, a primeira temporada baseada na saga. Nem bem o primeiro episódio acabou de ser passado nos EUA, foi confirmada a segunda temporada.

Tudo isso parece indicar que o série e os livros são ótimos! (E SÃO!!!! ... mas, reconheço, minha opinião é altamente suspeita. Deixei de ser um leitor imparcial e me transformei num admirador fanático, quase xiita, dos livros... Embora não tão fanático, e daí o "quase", a ponto de não reconhecer que O Senhor dos Anéis ainda é o melhor de todos os que li.

São fantasia, pura ficção, mas é impossível parar de lê-los depois que se começa. E os episódios da HBO (atores, diálogos, roteiro, ambientação etc.) estão excelentes (e olha que eu sou fanático pelos livros...) e são bastante fiéis ao original.

Aqui no Brasil a 1ª temporada começa a passar em maio (8 de maio).

Recomendo enfáticamente sua leitura, porque desde O Senhor dos Anéis (a comparação entre os dois sempre surge, feliz ou infelizmente...) nunca li nada que sequer se aproximasse da tensão e da incrível rede de intrigas imaginadas por R.R.Martin.

Sobre a sequência de abertura, que comentei acima, está sendo muito elogiada por sua criatividade e pelo efeito inovador. Seu criador é o mesmo da série Roma, outra excelente recriação da HBO, desta vez, de Roma no período de transição entre a República e o Império.

Segue o vídeo da abertura da série...

Infelizmente estou no trabalho e, daqui, não posso ver os filmes do youtube. Vejo quando chegarem casa...

Gosto tanto do SDA quanto das Crônicas de Gelo e Fogo. Tenho tantas versões de uma quanto da outra: versões portuguesas, brasileira e no original. Martim, autor das Crônicas, é chamado do Tolkien do século XXI. Faço algumas restrições a esse respeito.

Semelhança:
Martin, cria todo um mundo com culturas e civilizações tão diferentes quanto as criadas por Tolkien, mais ainda do que Tolkien, porque além do mundo mágico e místico, as diversidade de culturas descem também à espécie humana onde há diversas civilizações que podem facilmente ser comparadas às do nosso mundo real.

Diferença
Para mim, Tolkien ainda é o maior porque como o Johannes comentou ele não criou apenas um mundo; ele criou todo um idioma e uma mitologia. Este, que foi o grande feito dele, em minha opinião também foi a sua "desgraça" (entre aspas) porque numa tentativa quase histérica de criar uma mitologia e um universo perfeitos, ele passou a vida escrevendo e reescrevendo suas histórias, de modo que além do Hobbit e do Senhor dos Anéis não completou nada, nos deixando mais ou menos órfãos.

Martin já não é tão rigoroso e acadêmico com Tolkien e, é mais "rápido" (também entre aspas) na escrita. Não desenvolve mitologias complexas (são várias as religiões que ele cria), mas cita apenas aquilo que é de interesse para sua trama, o mesmo faz com os idiomas: cita algumas palavras, mas sem o rigorismo acadêmico de Tolkien quando à etimologia, pronúncia e grafia.

No entanto, como os fãs de Tolkien, nós, os fãs de Martin, também corremos o risco de ficar frustrados pois ele é muito lento em escrever as continuações da série (que já dura 20 anos). A demora entre os lançamentos do livro 4 para o 5 (atual) foi de quase 10 anos . Hoje, Martim deve ter uns 65 ou 66 anos, não tem uma aparência das mais suadáveis - é obeso e, parece, um tanto chegado ao etanol - e, nesse rítmo, corremos o risco de nunca termos os 7 livros previstos (que eram 3, inicialmente, aumentaram para 5 e já se fala de um oitavo). O pior é que a angústia pelas continuações é real e quem acompanha a série sofre e vive a vida pela Internet, em busca de indícios de como aquela salada toda vai acabar...