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Materialismo no oriente: Índia e seus Carvakas

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Mensagem por Johannes Seg Nov 01, 2010 6:57 pm

Como o enfoque do fórum é pensamento cético e secular, eu gostaria de compartilhar com vcs um pouco da história do pensamento não-sobrenatural. Sabemos que as raízes do pensamento racional no ocidente tem origem na antiga Grécia, mas é interessante que no oriente esse pensamento também floresceu de forma independente e num período muito mais remoto!

É interessante o fato de que sempre existiu na história uma parcela filosófica que nega as explicações sobrenaturais. Infelizmente, esse nunca foi e ainda não é o senso comum majoritário da humanidade, embora que na esfera mais intelectualizada esse posicionamento já é consolidado há algum tempo.

Uma vertente do hinduísmo, chamada de Carvaka era um sistema filosófico que se aproxima assombrosamente com o ceticismo moderno. Um amigo meu escreveu um texto muito interessante sobre isso no blog dele, no seguinte endereço:

http://www.elivieira.com/2009/06/historia-do-ateismo-parte-1-india.html

Vou colar alguns trechos interessantes aqui:

"Como nas outras escolas filosóficas, os ensinamentos dos cārvākas era passado adiante através de aforismos, primeiro oralmente e mais tarde em textos. Alguns desses aforismos sobrevivem até hoje:
.
"Agora explicaremos a verdade." [Este aforismo se repete em outras escolas.]
"Terra, água, fogo, ar: essas são as entidades."
"Designa-se sua conexão ou combinação como o corpo, os órgãos dos sentidos e os objetos."
"Delas se desenvolve a mente ou o espírito em si."
"O conhecimento emerge como uma força do inebriante fermentado da levedura."
"As manifestações da vida (jivah) se assemelham a bolhas na água."
"E porque não há nada que continue no mundo do além, não há, portanto, nenhum mundo do além."[9]
.
Além de recomendar que o conhecimento seja adquirido pelos sentidos e por inferências minimalistas a partir dos sentidos, e afirmar a auto-suficiência da natureza e a emergência da mente a partir de processos naturais, os cārvākas recomendavam uma ética baseada em máximo prazer e mínima dor, que não seria um hedonismo irresponsável, mas uma temperança e moderação menos destacada dos sentidos que o caminho do meio dos budistas."

Mais informações sobre o Carvaka:

http://en.wikipedia.org/wiki/Cārvāka




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Mensagem por Regis Medina Seg Nov 01, 2010 7:47 pm

Johannes, vc sempre trouxe boas informações. O pensamento oriental foi negado para nós ocidentais, provavelmente por puro preconceito. Tão pouco se divulgou que tantas inovações vieram primeiro de lugares como a Índia ou China. Hoje a história deles começa a chegar mais exata para nós e nos surpreender.
Essas informações me deixaram curioso para saber mais sobre o Carvaka.
Valeu a dica Johannes.
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Mensagem por Johannes Seg Nov 01, 2010 8:07 pm

Então Reginaldo, eu fiquei sabendo sobre essa linha filosófica indiana há pouco tempo também, preciso ler mais sobre ela também.

Mas o ponto em questão é que sempre existiu pessoas que não aceitaram a imposição da moral religiosa baseada em contos de fadas.

Mesmo os maiores defensores da sobrenaturalidade, hipocritamente, vivem tal qual os pressupostos de uma visão natural do mundo! Vivem em função da aquisição de poder e riqueza, exatamente oque se espera de uma pessoa que sabe que esse mundo é tudo oque há (e os líderes religiosos, em especial, fazem isso sem nenhum escrúpulo, seja na própria moral de contos de fadas ou na moral secular).

Porque se fossem leais ao que afirmam acreditar, deveriam se matar. Afinal, o mundo do além não é melhor que esse?





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Mensagem por Regis Medina Seg Nov 01, 2010 11:36 pm

É uma grande ironia. E essas ironias sempre vem com as racionalizações dos religiosos, grandes e pequenos.
Vi essa definição num livro de psicologia que me lembra as explicações infinitas para as incoerências, contradições e ironias comportamentais do mundo religioso:

Racionalização da mentira defesa psicológica consiste em dar uma aparência de justificação a atos sabidamente inverossímeis
.

Resbook de psicologia II Dejours
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